Entendemos que o
conceito de Cultura também é
“atribuição de significados que damos ao mundo e a nós mesmos, é oportunidade
de prazer, autorreconhecimento e autoprodução”. Alcançamos com isso que o
espaço para o estímulo e formação desses caracteres é a escola e toda sua
sistematização.
Será?
Se a Educação
hoje é direcionada a produzir, fazendo com que mais e mais indivíduos (?) se
ajoelhem diante da TV, teremos, num futuro próximo – se é que não ainda, a
alienação total da sensibilidade humana. Parcial ela já o é. Controle.
Adestramento, já que não vemos (ou vemos de forma velada) a preparação dos
jovens frente a uma efetiva formação artística no âmbito escolar.
Por “formação
artística” entendo principalmente o enriquecimento da nossa visão de mundo
através da sensibilidade, o exercício da percepção que impetra uma dimensão
criativa da realidade. Um real aprimoramento sensível do Ser. Se “ler textos
filosóficos de forma significativa, de diferentes estruturas e registros”,
necessita de determinada mentalidade “receptora”, então a Arte – de modo
significativo, contribuirá para que essa leitura
alcance tal objetivo. A arte não mostra as possibilidades do real, não aciona
nossa imaginação? Não é através dela – também – que nos humanizamos?
É preciso
repensar, pois, a formação dos estudantes diante da realidade vivenciada na
rede pública de ensino. Estamos nos distanciando de nossa capacidade produtiva em
função de nossa precária experiência escolar no quesito “sensibilidade”. Como
parâmetro, podemos citar as atrocidades e ruídos musicais ganhando notoriedade,
a cultura de massa cada dia mais intensa frente aos alienados pela insensibilidade
(ao que Kant concebe como gosto – capacidade de julgamento), um total
empobrecimento criativo e perceptivo.
A escola como sistema emancipatório (?)
não propicia um questionamento eficaz, já que, somente nas séries iniciais do
Ensino Médio o estudante apreciará a disciplina Filosofia. E antes? Fazemos o
quê?
Quantas vezes o pensador sairá da caverna e morrerá
pelos insanos por alegar a verdade da luz? Quantas mais? O ensino de Filosofia
fará tal resgate?
O que dizer da
formação inicial do estudante nesse parâmetro? Precária, seria sutil. Deixar
que o ensino filosófico restaure essas lacunas?
Sabemos que o
Homem sempre questionou temas como origem e fim do universo, causas sobre as
coisas e seres, natureza, busca por repostas metafísicas, epistêmicas,
científicas etc. Essa busca de um conhecimento que
transcende a realidade imediata constitui a essência do pensamento filosófico,
que ao longo da história percorreu os mais variados caminhos, seguiu interesses
diversos, elaborou muitos métodos de reflexão e chegou a várias conclusões, em
diferentes sistemas filosóficos.
Referências:
MARTINS,
profª Dra. Maria Helena Pires. O ensino
de filosofia da Arte ou Estética. UFSCAR, 2015.