28/02/2015

Por uma forma [ação] menos precária.



Entendemos que o conceito de Cultura também é “atribuição de significados que damos ao mundo e a nós mesmos, é oportunidade de prazer, autorreconhecimento e autoprodução”. Alcançamos com isso que o espaço para o estímulo e formação desses caracteres é a escola e toda sua sistematização.

Será?

Se a Educação hoje é direcionada a produzir, fazendo com que mais e mais indivíduos (?) se ajoelhem diante da TV, teremos, num futuro próximo – se é que não ainda, a alienação total da sensibilidade humana. Parcial ela já o é. Controle. Adestramento, já que não vemos (ou vemos de forma velada) a preparação dos jovens frente a uma efetiva formação artística no âmbito escolar.
Por “formação artística” entendo principalmente o enriquecimento da nossa visão de mundo através da sensibilidade, o exercício da percepção que impetra uma dimensão criativa da realidade. Um real aprimoramento sensível do Ser. Se “ler textos filosóficos de forma significativa, de diferentes estruturas e registros”, necessita de determinada mentalidade “receptora”, então a Arte – de modo significativo, contribuirá para que essa leitura alcance tal objetivo. A arte não mostra as possibilidades do real, não aciona nossa imaginação? Não é através dela – também – que nos humanizamos?

É preciso repensar, pois, a formação dos estudantes diante da realidade vivenciada na rede pública de ensino. Estamos nos distanciando de nossa capacidade produtiva em função de nossa precária experiência escolar no quesito “sensibilidade”. Como parâmetro, podemos citar as atrocidades e ruídos musicais ganhando notoriedade, a cultura de massa cada dia mais intensa frente aos alienados pela insensibilidade (ao que Kant concebe como gosto – capacidade de julgamento), um total empobrecimento criativo e perceptivo. 
A escola como sistema emancipatório (?) não propicia um questionamento eficaz, já que, somente nas séries iniciais do Ensino Médio o estudante apreciará a disciplina Filosofia. E antes? Fazemos o quê?

Quantas vezes o pensador sairá da caverna e morrerá pelos insanos por alegar a verdade da luz? Quantas mais? O ensino de Filosofia fará tal resgate?

O que dizer da formação inicial do estudante nesse parâmetro? Precária, seria sutil. Deixar que o ensino filosófico restaure essas lacunas?

Sabemos que o Homem sempre questionou temas como origem e fim do universo, causas sobre as coisas e seres, natureza, busca por repostas metafísicas, epistêmicas, científicas etc. Essa busca de um conhecimento que transcende a realidade imediata constitui a essência do pensamento filosófico, que ao longo da história percorreu os mais variados caminhos, seguiu interesses diversos, elaborou muitos métodos de reflexão e chegou a várias conclusões, em diferentes sistemas filosóficos.

Assim, com a inserção da disciplina de Filosofia no sistema formador da educação, sairemos da mesmice cognitiva da sensibilidade alçando voos mais altos para uma possível e eficaz experiência estética. É no que confiamos.

Referências:
MARTINS, profª Dra. Maria Helena Pires. O ensino de filosofia da Arte ou Estética. UFSCAR, 2015.

Bóson de Higs (por Marcelo Gleiser)




Marcelo Gleiser é um físico, astrônomo, professor, escritor e roteirista brasileiro, atualmente pesquisador da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos. É membro e ex-conselheiro geral da American Physical Society.


Furto da sensibilidade: breve consideração

     A Indústria cultural tem como objetivo “roubar” a capacidade reflexiva do sujeito, tornando-o incapaz de contemplar a obra de arte não fazendo distinção entre arte e produto de consumo.
Há um sistema de dominação que condiciona o gosto e inibe a capacidade crítica e reflexiva fazendo com que a obra de arte perca sua integralidade, passando ser conhecida como clichê, chavão de comercial, ou seja, fragmento solto, perdendo sua essência  artística.

Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:119).

            Assim, a intenção da Indústria Cultural é obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente daqueles que são formadores de opinião. Ela é a própria ideologia. Os valores passam a ser regidos por ela. Até mesmo a felicidade do individuo é influenciada e condicionada por essa cultura Levando o individuo a não ter opinião própria desenvolvida  repetindo o que lhe é imposto.

Referências bibliográficas:

HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W., Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

[pRé] Socráticos

    FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (ou físicos)   Nome Contexto   Escola Principais...