24/03/2013

Do "Método" - René Descartes



A obra, publicada originalmente em francês, em 1637, pelo filósofo francês René Descartes - O Discurso do Método, está direcionada, de acordo com o próprio autor, “Aos homens de bom senso”, a todos que possuem a faculdade da razão.
Mostra o desenvolvimento intelectual do filósofo antes do desenvolvimento de seu método – a busca por um “primeiro princípio” - o qual contivesse o alicerce não só da filosofia como também de todas as outras ciências. O questionamento de como o método é elaborado decorre, em sentidos distintos, em todos os capítulos da obra.
A dúvida terá papel fundamental dentro dos argumentos apresentados por Descartes, no entanto, duvidar de tudo para chegar a uma primeira verdade não seria acertado dizer que ele duvidou que a verdade pudesse ser encontrada.

Parte primeira - Considerações sobre as ciências

Descartes inicia avaliando sobre a capacidade que todo homem tem em julgar e distinguir o verdadeiro do falso e sobre a multiplicidade de opiniões que conduzem a diferentes caminhos do pensamento. Mas, não é suficiente ter um espírito bom, o essencial é aplicá-lo bem. Esta aplicação implica em um método.
 Adverte que mostrará o seu método, mas que não tem a pretensão de ensiná-lo a ninguém e sim de mostrar o ‘lugar’ que a razão deve ocupar no pensamento de todo aquele que pretende possuir pensamentos claros e distintos na busca da verdade.

 Quanto à sua formação intelectual, conclui que se encontra apanhado em incertezas e dúvidas. A dúvida quanto ao que lhe foi transmitido pela tradição filosófica - como sendo feita de verdades absolutas - não o satisfaz e é exatamente a dúvida que o acompanhará como meio para encontrar a primeira verdade ou fundamento de sua filosofia: o cogito.
Vale ressaltar que o filósofo não eleva a dúvida ao ceticismo; Descartes não é um cético, pois pressupostos ícones relevantes:
 - de que a verdade existe;
- de que a verdade pode ser encontrada e para tanto é necessário um método.
Duvidando do uso do qual as ciências fizeram a própria filosofia, a ciência que Descartes vai buscar no método é a de que ele julga encontrar nele mesmo; a substância pensante toma o lugar das ciências por uma única e exclusiva nova ciência: a verdadeira ciência será antes de tudo o próprio pensamento.

Parte Segunda- Principais Regras do Método

Realiza analogias - da arquitetura e das leis de Esparta - com a própria filosofia para dizer, aquilo que é construído por uma única pessoa tende sempre ao mesmo fim diferentemente quando alguma coisa é pensada por várias pessoas, pois os fins serão então diversos; o que acontece com várias opiniões. Quer reformular seus próprios pensamentos, construir um alicerce e libertar-se de todas as opiniões.

Uma de suas críticas se estende à lógica formal, pois as deduções da lógica não podem aumentar o conhecimento, apenas podem explicar aquilo que já existe; discorre ainda sobre a matemática, álgebra e geometria. A partir de princípios retirados dessas ciências estabelece as quatro regras de seu método; esses quatro itens se compõem como uma cadeia de razão dedutiva do pensamento cartesiano para encontrar apenas uma verdade em cada coisa.

Parte Terceira - Moral Provisória

 Enquanto desenvolve seu método, Descartes pondera que necessita de alguns princípios morais que o possibilitem a continuar, princípios esses que o conduzirão na vida até o estabelecimento final do método.
ü  Seguir aos sensatos
ü  Manter-se firme e resoluto em qualquer decisão tomada:
ü  Nada há que esteja tão inteiramente em nosso poder como os nossos pensamentos
ü  Cultivar a razão para o conhecimento da verdade de acordo com o método que prescrevera:

=>Moral provisória permanente = se o conhecimento absoluto não é possível, a moral não pode ser provisória enquanto agimos baseados em princípios que a constituem.


Parte Quatro - Fundamentos da Metafísica


Aqui se encontra o centro filosófico da obra através das razões que provam a existência de Deus e da alma humana, além da busca pelas bases de um conhecimento confiável.
Contém o famoso enunciado “Eu penso, logo existo”, o primeiro princípio da sua filosofia.
Como Descartes resolve dedicar-se à busca de verdade, opta por recusar todas as opiniões incertas e repelir como inteiramente falso tudo aquilo em que pudesse supor a mais ínfima dúvida e verificar se restaria depois algo completamente fora da esfera da dúvida. Fala sobre os sentidos nos enganarem quase sempre.

Meditando, sobre o fato de que estava duvidando, observa que o homem não é perfeito, que deve existir algo mais perfeito do que ele mesmo de onde deriva a verdade que a mente descobre. Conclui que as nossas idéias ou noções, por serem coisas reais e oriundas de deus em tudo em que são evidentes e distintas, só podem por isso ser verdadeiras.
Descartes se utiliza de uma formulação lógica para chegar à prova da existência de Deus, porém isto só faz sentido para quem já acredita em Deus, implica antes na crença e isto não deixa de ser outro pressuposto, aliás, questão muito debatida entre os cartesianos.

Concluímos, pois, que o fundamento principal da filosofia cartesiana consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos "objetos", dentro de um universo de coisas reais.
 O método cartesiano está fundamentado no principio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra nunca aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo. Põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, duvidar de tudo. As coisas só podem ser apreendidas por meio das sensações ou do conhecimento intelectual. A evidência da própria existência – o "penso, logo existo" – traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento.
Para reconhecer algo como verdadeiro, considera necessário usar a razão; o raciocínio seria como filtro a decompor esse algo em partes isoladas, em ideias claras e distintas, dividindo o objeto de estudo a fim de melhor entender, compreender, estudar, questionar, analisar, criticar, o todo, o sistema. Enfim, experimentar na esfera da ciência e da razão.



Um comentário:

  1. Parabéns, o texto ficou claro e pertinente. Dois tipos de Céticos, a saber: o primeiro que usa a dúvida para negar e tranquilizar-se. E o segundo, aqui podemos encaixar Descartes, que duvida para encontrar a verdade. Um abraço.

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