21/03/2015

Jürgem Habermas - 1929

Apesar da enorme complexidade do pensamento de Habermas, é possível descobrir algumas constantes:

1. Ao longo da sua vastíssima obra, tem procurado de criar uma  teoria crítica social que assente numa teoria da sociedade.


2. Assumindo-se como um dos defensores da modernidade, procura igualmente criar uma teoria da razão que inclua “teoria e prática”, o mesmo é dizer: uma teoria que seja ao mesmo tempo justificativa e explicativa.


3. A noção de interesse é nuclear no seu pensamento. Habermas parte do pressuposto que todo o conhecimento é induzido ou dirigido por interesses. Mas ao contrário de Marx não o reduz o conhecimento à esfera da produção, onde seria convertido em ideologia. Nem reduz os conflitos de interesses à luta de classes. A sua noção de interesse é muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a humanidade enfrenta e a que tem que dar resposta. Os interesses  são estruturados por processos de aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto que Habermas afirma o princípio da racionalidade dos interesses. Distingue três grandes tipos de interesses, segundo uma hierarquia algo peculiar: a) técnicos; b) comunicativos; c) emancipatórios.

Os interesses técnicos surgem do desejo de domínio e controlo da natureza. Trata-se de interesses técnicos na medida em que a tecnologia se apoia ou está ligada à ciência. Todo conhecimento científico enquadra-se nesta esfera de interesses. 
Os interesses comunicativos levam os membros duma sociedade a entenderem-se (e às vezes a não entenderem-se) com outros membros da mesma da mesma comunidade, o que origina entendimentos e desentendimentos entre as várias comunidades. Nesta esfera de interesses estão as chamadas ciências do espírito (ciências humanísticas, culturais, etc.)
 Os interesses emancipatórios ou libertadores estão ligados à autorreflexão que permite estabelecer modos de comunicação entre os homens tornando razoáveis as suas interpretações. Estes interesses estão ligados à reflexão, às ciências críticas (teorias sociais), e pelo menos em parte, ao pensamento filosófico. Esta autorreflexão pode converter-se numa ciência, como ocorre com a psicanálise e a crítica das ideologias, mas uma ciência que é capaz transformar as outras ciências. O interesse  emancipatório resulta de ser um interesse justificador, explicativo enquanto justificador.

4.A autorreflexão individual é inseparável da educação social, e ambas são aspectos de emancipação social e humana. As decisões (práticas) são encaradas como atos racionais, onde não é possível separar a teoria da prática.



5. Todo o seu pensamento aponta, assim, para uma autorreflexão do espécie humana, cuja história natural nos vai dando conta dos níveis de racionalidade que a mesma atinge.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

[pRé] Socráticos

    FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (ou físicos)   Nome Contexto   Escola Principais...