Crátilo é um diálogo aparentemente político, no sentido principal de defesa da tese de que “os reis nascem reis”.
Neste diálogo, Platão
coloca uma alternativa para a questão do sentido. Cada um dos personagens
platônicos pretende sitiar e colonizar o sentido, tendo a linguagem como ponto
de inflexão de sua argumentação.
Sócrates, pautado numa
posição aristocrática - onde há uma verdade e não verdades -
acaba por convencer Crátilo e Hermógenes - personagens do diálogo, que não seria possível haver uma
linguagem que não fosse aquela derivada da língua original, pois doutro modo
nada restaria de estabilidade na linguagem que justificasse sua capacidade
inerente de dizer as coisas.
Sua lógica de argumentação
visa atingir os sofistas, que Hermógenes trouxe à conversa, atacando a medula
do raciocínio sofista: “o homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Se
isso fosse verdade, toda a cadeia de manutenção da ordem grega de então ruiria
e perder-se-ia a razão para haver diferenças sociais baseadas apenas nos
direitos de nascimento.
Caso Sócrates não
defendesse a justeza dos nomes das coisas, evidenciando “falhas” na língua, não
poderíamos hoje diferenciar a grande divergência entre esses “nomes” que nos
são dados como conceitos.
Muito bom. Vamos filosofar...
ResponderExcluirEneida Nalini